quinta-feira, 26 de setembro de 2013

Escritor e jornalista João Ribeiro vai a Passo Fundo redescobrir a história de Teixeirinha

reprodução

O amigo, escritor e jornalista João Ribeiro Neto, conhecido poeta dos pampas, brizolista ferrenho, que me deu a honra de ilustrar a capa de seu livro de crônicas “Existe vida após o casamento”, me enviou hoje uma matéria sobre a vida de Teixeirinha. Conheçam um pouco sobre a história deste ícone da música caipira no Brasil.

Por João Ribeiro Neto

Quem de Sul a Norte do Brasil não ouviu falar no famoso gaúcho de Passo Fundo ou nunca ouviu músicas como “Coração de Luto”, “Querência Amada”, “Velho Casarão”, “Tropeiro Velho” e tantas outras canções tradicionalistas gaúchas? Pois estamos falando de Vitor Mateus Teixeira, o “Teixeirinha”, também conhecido como o “Rei do Disco” por ter vendido mais álbuns que o próprio Roberto Carlos.
 Escritor João Ribeiro Neto em frente ao monumento em homenagem ao Teixeirinha, em Passo Fundo/RS
Apesar de sua biografia ser vasta e facilmente acessível nas diversas mídias eletrônicas e também nas enciclopédias contemporâneas, resolvi ir pessoalmente a cidade Passo Fundo/RS na “Semana Farroupilha” desse ano para descobrir mais curiosidades de Teixeirinha na visão de quem conviveu com ele no dia-a-dia e o conheceu fora dos palcos e antes da fama.
Depois de percorrer muitos CTG´ s (Centro de Tradições Gaúchas) de Passo Fundo em busca de um contemporâneo de Teixeirinha, fui apresentado ao célebre escritor, locutor de rádio e pesquisador da história do Rio Grande do Sul e do folclore gaúcho, Orlei Vargas Carames ou, simplesmente, “o gaúcho”, como gosta de ser chamado.
Na entrevista concedida com exclusividade a mim em seu galpão tipicamente gauchesco, Orlei Vargas Carames revelou que Teixeirinha chegou a Passo Fundo ainda criança após a morte dos seus pais, pois ele era natural de uma cidade da região chamada Rolante. Seu primeiro empreendimento foi montar um “tiro ao alvo” na cidade para sobreviver com muita dificuldade financeira e muitas restrições. Além disso, tocava e cantava em CTG (Centro de Tradições Gaúchas) da região porque a música sempre fez parte de sua vida.


Orlei Vargas Carames escritor, locutor de rádio e pesquisador da história do Rio Grande e do folclore gaúcho

Depois de algum tempo, Teixeirinha aventurou-se a gravar um pequeno “LP” (antigo disco de vinil) com pouquíssimas músicas de sua autoria, sem grandes ambições. Porém, o sucesso foi imediato como conta seu amigo pessoal Orlei Vargas Carames. “O Teixeira conseguiu gravar algumas faixas para um LP em São Paulo e quando retornou a Passo Fundo foi surpreendido por um telefonema da gravadora Continental dizendo que seu trabalho teve uma boa vendagem e que era para ele ir ao banco em que tinha conta para retirar um cheque como pagamento e em seguida compor novas músicas para gravar. Quando ele foi ao banco surpreendeu-se com a alta quantia depositada em sua conta bancária e até desmaiou de emoção e susto na hora”; disse.
Ainda segundo esse amigo pessoal de Teixeirinha, o primeiro investimento do cantor foi comprar uma Kombi e se mudou para Porto Alegre, no bairro da Glória onde até hoje existe a casa em que o cantor morou grande parte de sua vida.
A partir desse momento, Teixeirinha não parou mais de compor e gravar, além de fazer shows em todas as partes do Brasil e a estrela de Vitor Mateus Teixeira brilhava mesmo quando ele era zombado, pois, segundo Carames, o saudoso Chacrinha apresentava na época um programa importante de rádio e, brincalhão como era, Chacrinha apelidou a música “Coração de Luto” de “Churrasquinho de Mãe” e a tocava várias vezes por dia para tirar sarro de Teixeirinha. Mas, para a surpresa de todos, a música caiu no gosto do povo e virou um sucesso nacional. Daí em diante, Teixeirinha passou a participar de programas televisivos em rede nacional e depois até investiu em fazer filmes sobre si mesmo uma vez que seu sonho era ser “o mocinho do cinema” conforme confidenciava para seus amigos mais próximos.




Rancho do Teixeirinha em Passo Fundo/RS

Na visão de seu amigo Orlei Vargas Carames, o sucesso e a fama fizeram mal ao Teixeirinha de imediato, pois ele deixou de ser aquela pessoa simples do interior do Rio Grande. Foi, então, apresentado na cidade de Bagé, fronteira com a Argentina, a uma pobre adolescente que tocava maravilhosamente bem gaita (também conhecida como acordeom ou sanfona) e que era muito fã dele, a Mary Terezinha. “O Teixeira ficou doente de paixão pela Mary assim que viu aquela morena linda com traços indígenas tocando gaita. Propôs que ela fosse morar com ele em Porto Alegre e montou uma casa para Mary e sua família que era muito pobre. Ele já era casado e tinha filhos quando a conheceu, mas, sua paixão por ela falou mais alto e se transformou num amor doentio a ponto de Teixeirinha não deixar ninguém se aproximar dela e nem falar com ela”; conta Carames que, inclusive, chegou a presenciar muitas brigas do casal por ciúme.
O sucesso da dupla foi fenomenal, gravaram muitas músicas e fizeram muitos shows e filmes juntos, mas, tudo acabou quando Mary Terezinha resolveu abandonar Teixeirinha para se casar em 1984 com um “mentalista” (místico que acreditava no poder da mente) chamado Ivan Trilha, inimigo de Teixeirinha. Ela deixou um bilhete com os seguintes dizeres: “Não me farei mais presente ao teu lado”!
Começava aí a doença fatal que levaria o ídolo gaúcho para a morte dolorida, consumido pela tristeza e dor do abandono de sua amada, a “menina da gaita”, como era conhecida Mary Terezinha. “Eu digo que o Teixeira morreu de uma doença chamada Mary Terezinha. Ele nunca aceitou o fim do relacionamento. Compôs inúmeras músicas falando desse abandono e, aos poucos, foi perdendo o interesse pela vida”; define Vargas Carames.
O casamento de Mary Terezinha com Ivan Trilha durou apenas 5 anos, logo se separaram e a gaiteira jamais voltou a fazer sucesso após a morte de Teixeirinha, a qual se deu em 1985 após ser consumido pela doença e pela depressão. “O povo gaúcho comprou a dor do Teixeirinha quando ele foi abandonado pela Mary e nunca a perdoou por isso. Tanto que, apesar da beleza e do talento, ela caiu na sombra do esquecimento”; disse Orlei Vargas, o fiel amigo de Teixeirinha que o acompanhou até seus últimos momentos de vida.
Teixeirinha está sepultado no cemitério da Santa Casa, em Porto Alegre onde tem um busto em sua homenagem e é muito visitado por fãs No dia de seu enterro foi tocada a música “Gaita e violão” que fizera após sofrer o abandono da grande paixão da sua vida, Mary Terezinha, como seu último desejo em vida: “Depois que ela foi embora/Não encontrei mais razão/Não sai de mim a tristeza/E a mágoa do coração/Eu só encontro consolo/Na rima o verso e a canção!”

Alunos do CCM exercitam a Cidadania como Agentes do Meio Ambiente


Saindo da prefeitura eu encontrei o meu professor de Geografia durante o antigo curso ginasial do Colégio Estadual Nilo Peçanha nos anos 70. Flávio Mansur, hoje diretor do Colégio Cândido Mendes  (CCM), sua filha Fernanda Mansur, também diretora do colégio, e os professores Paulinho e Natália, acompanhavam alunos pelas ruas do centro da cidade desenvolvendo de forma pedagógica e também bastante prática, a campanha Lixo Zero, baseada na educação e na conscientização sobre a importância de processos como a reciclagem do lixo urbano. Os alunos estão recolhendo garrafas pets, que após receberem rótulos com a logomarca do colégio, transformam-se em compartimentos onde são armazenados os lacres de alumínio de latinhas de bebidas, que podem ser trocados por cadeiras de rodas numa metalúrgica no interior do Estado de São Paulo, que lançou a campanha e vem atraindo a atenção de diretores de escolas em todo o país. Uma cadeira de rodas é trocada por 120 garrafas com os lacres.